sexta-feira, 29 de maio de 2015

CARTA DE REPÚDIO À AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA MILITAR EM OCUPAÇÃO DE “SEM TETO” NA CIDADE DE JEQUITINHONHA, MG dia 28/05/2015.

CARTA DE REPÚDIO À AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA MILITAR EM OCUPAÇÃO DE “SEM TETO” NA CIDADE DE JEQUITINHONHA, MG dia 28/05/2015.



CARTA DE REPÚDIO À AÇÃO TRUCULENTA DA POLÍCIA MILITAR EM OCUPAÇÃO DE “SEM TETO” NA CIDADE DE JEQUITINHONHA, MG dia 28/05/2015.

Via Campesina Regional Vale do Jequitinhonha (CPT, MAB, MST), Cáritas, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jequitinhonha e demais parceiros.
As organizações da sociedade civil organizada juntamente com os Sem Teto e Sem Terra da cidade de Jequitinhonha, por meio desta nota, repudiam com veemência, mais um ato de violência através da polícia militar, ocorrida na cidade de Jequitinhonha.
Em 28 de maio 2015, quinta-feira, por volta das 10 e 30 horas, enquanto cerca de 60 famílias e 200 pessoas humildes Sem Teto que se mantinham em atividade no terreno ocupado, foram surpreendidos pela polícia militar desse município, e de forma truculenta, com alto poder de pressão psicológica e agressão às pessoas.
Segundo dois agentes Cáritas que estavam presentes no local no momento, a polícia chegou abordando pessoas que estavam acampadas, jogando um homem no chão, batendo com o cacetete e apontando armas de fogo em sua cabeça.
Durante a ação, expulsaram as famílias do local e, os arames e cordões que estavam marcando os terrenos foram arrancados pelos policiais, que agiram com abuso de autoridade. Segundo uma das pessoas que estavam no local, “um policial colocou uma criança de mais ou menos 5 anos de idade dentro do carro, mas quando viu que tinha militantes da Cáritas presentes, tirou a criança de dentro do carro e entregou para pessoas no local do conflito”.
Os representantes da Cáritas declaram ainda que os policiais levaram 12 homens para o batalhão da cidade. Outros representantes da Cáritas se deslocaram para o batalhão sendo recebidos pelos policiais de plantão no local, mas após um tempo foram convidados a se retirarem do recinto. Alguns dos presos foram levados ao hospital para fazer exame de corpo delito e os demais ficaram acuados e presos no pelotão da polícia, aguardando para serem autuados e encaminhados à delegacia.
As famílias que estão na ocupação relatam que querem somente um pedaço de terra para morar, pois moram de aluguel ou dependem de favor.
Importante salientar que não só os Sem Teto vem lutando pela terra e moradia, mas também o Sem Terra desse município. Os Sem Terra no dia 12 de maio 2015, terçafeira, também, com cerca de 300 famílias ocuparam outra propriedade do outro lado do Rio Jequitinhonha ao lado da cidade. A propriedade ocupada segundo os Sem Terra é terra improdutiva e medindo cerca de 10 alqueirões ou aproximadamente 200 hectares. A cidade de certo modo vive essa tensão, de um lado os Sem Teto e Sem Terra querendo terra para morar e para produzir e de outro, a inércia de órgãos públicos governamentais em realizar reforma agrária e garantir o direito à moradia.
A situação é extremamente grave e tensa na cidade! Esperamos que os
responsáveis pela segurança e órgãos públicos governamentais possam acordar e acompanhar de perto essa situação calamitosa em Jequitinhonha, os mesmos, responsáveis direto pela quantidade absurda de conflitos de Sem Teto e Sem Terra nesse país e região.
É preciso ecoar o grito: "Reforma urbana, Reforma Agrária, Direito Nosso, Dever do Estado". Finalmente, como lembrou o papa Francisco em um de seus discursos: "Nenhuma família sem casa, nenhuma família sem teto, e nenhuma família sem direitos". Seguimos na luta pelos direitos da pessoa humana, pois terra, comida e teto são direitos fundamentais.
Jequitinhonha/MG, 28 de Maio de 2015.
Cf. vídeo no link, abaixo.

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